O massacre dos doutores
Eu gostaria de continuar discutindo a nossa ciência em si, mas hoje é impossível fugir da pauta bomba criada pelo governo. Para quem não está acompanhando, o governo propôs um corte de cerca de 50% no orçamento da CAPES, que é uma das principais agências de sustentação da pós-graduação no Brasil. Com esse corte, obviamente podem ser financiados apenas a metade dos alunos que são financiados atualmente. Contudo, como o financiamento da pós-graduação é um contrato assinado pelo governo com duração definida, seja ela de dois anos para o mestrado ou de quatro anos para o doutorado, na prática a agência não tem nenhum espaço de manobra, e isso significa a interrupção de todas as bolsas e auxílios. Isso quer dizer que a partir do ano que vem não haverá pós-graduação no Brasil.
Eu acredito essa estupidez tem várias tendências subliminares que merecem uma discussão aprofundada. A primeira é o grau de qualificação dos nossos dirigentes. Quantos dos nossos dirigentes, seja no primeiro escalão do Executivo, ou no Congresso Nacional, possuem pós-graduação? Ou mesmo uma especialização, ou graduação? O quadro é desolador: os poucos que exibem seus títulos de doutor não são doutores de verdade, mas sim advogados ou apenas gente rica. O fato é que o mundo de hoje é muito mais complexo, e para os padrões internacionais nossos dirigentes são absolutamente ignorantes, caipiras no pior sentido da palavra. O exemplo mais contundente é o de Ângela Merkel, primeira ministra alemã,que tem doutorado em física!
Isso não apenas significa que os nossos dirigentes não possuem conhecimento adequado a respeito de nada, mas também implica no fato de que eles não tem o menor entendimento da importância de se fazer uma pós-graduação. Quem é da área, ou quem fez qualquer tipo de curso universitário, sabe que a graduação nos dias de hoje, especialmente no Brasil, é um curso aonde o aluno aprende o conhecimento BÁSICO para exercer a sua profissão. É na pós-graduação que se adquire conhecimento aprofundado, específico. Na pós-graduação, o aluno aprende quase que 10 vezes mais o que aprendeu na graduação, não só por estar mais maduro, mas também por dedicar-se exclusivamente a um tema específico junto a especialistas. Assim sendo, é de se esperar que provavelmente sejam as pessoas que tem uma pós-graduação sólida na área tenham capacidade de fazer uma análise profunda sobre qualquer tipo de problema.
Além dessa questão do conhecimento técnico, existe uma questão que é pouco discutida e compreendida até no próprio meio acadêmico. A meu ver, um dos conhecimentos mais importantes que o aluno aprende na pós-graduação é a prática e a capacidade de resolver problemas. Os alunos passam cerca de quatro anos de suas vidas resolvendo todo e qualquer tipo de problema. Um doutor é por natureza um solucionador, um resolvedor. Todos os países do mundo sabem disso, e valorizam enormemente os seus doutores. As grandes empresas empregam preferencialmente doutores, não só porque eles sabem ler escrever melhor, mas porque eles estão qualificados para responder aos problemas de natureza teórica e prática do dia-a-dia. Isso acontece até no Brasil, aonde os dados do próprio governo mostram que pessoas com mestrado e doutorado têm um aumento considerável na sua renda média, de até 10 vezes dependendo da área do conhecimento.
A falta de capacitação de nossos dirigentes e legisladores fica ainda mais aberrante se pensamos na questão da idade. Que tipo de conhecimento técnico essas pessoas têm, mesmo os que fizeram graduação, sabendo que fizeram graduação a 20, 30, ou 40 anos atrais? Que curso de atualização ou especialização essas pessoas realizaram? O que podemos concluir é que o único conhecimento que essas pessoas carregam é o da prática política, que é um conhecimento voltado para aquisição e manutenção de poder. Não é à toa que o governo brasileiro, em todas as suas esferas, nunca conseguiu resolver nenhum problema significativo da população. Nós não temos resolvedores de problemas no governo, e agora esse mesmo governo quer exterminar a única fonte desse recurso humano imprescindível para o futuro do país.
Outra discussão que deve ser realizada é de cunho ideológico e econômico, pois tem haver com a elitização e o financiamento da pós graduação. A quase totalidade dos alunos que fazem pós-graduação Brasil recebe bolsa de estudo, enquanto que em outros países desenvolvidos os alunos pagam para fazer seus cursos de mestrado e doutorado. Muitas vezes os valores são altíssimos, especialmente em universidades renomadas e de ponta. O fato é que, em países desenvolvidos, a proporção de doutores na população é 10 vezes maior do que no Brasil, e a competitividade para ter um emprego de primeiro nível é muito maior. Assim sendo, as pessoas se sentem forçadas a investir mais na sua educação. Parece que os nossos gestores não conhecem a lei da oferta e da procura, uma das questões mais básicas dos cursos de economia.
Traduzindo em outros termos, quantos alunos brasileiros e suas famílias estariam dispostos a pagar 40 ou R$50.000 por ano para que seus filhos tenho o título de doutor? A experiência cotidiana me diz que esse número deve ser próximo de zero. O mais comum é os pais questionarem os filhos sobre o fato deles não estarem trabalhando, e recebendo um salário, em vez de estar estudando. Também é importante considerar o perfil sócio-econômico da população brasileira. Qual seria a porcentagem de pessoas que teria renda suficiente para fazer esse tipo de investimento ao longo de seis ou oito anos? Se mundialmente já existe um debate a respeito da elitização da ciência, essa política do governo criará praticamente uma política de castas, aonde para a classe média será impossível ter um filho mestre ou doutor. Mas eu não acredito que o nosso governo está fazendo isso por populismo. Está fazendo é por ignorância mesmo. Está na hora de fazer um teste de QI nos nossos parlamentares e no Executivo. Mas muitos provavelmente não teriam coragem.
Eu acredito essa estupidez tem várias tendências subliminares que merecem uma discussão aprofundada. A primeira é o grau de qualificação dos nossos dirigentes. Quantos dos nossos dirigentes, seja no primeiro escalão do Executivo, ou no Congresso Nacional, possuem pós-graduação? Ou mesmo uma especialização, ou graduação? O quadro é desolador: os poucos que exibem seus títulos de doutor não são doutores de verdade, mas sim advogados ou apenas gente rica. O fato é que o mundo de hoje é muito mais complexo, e para os padrões internacionais nossos dirigentes são absolutamente ignorantes, caipiras no pior sentido da palavra. O exemplo mais contundente é o de Ângela Merkel, primeira ministra alemã,que tem doutorado em física!
Isso não apenas significa que os nossos dirigentes não possuem conhecimento adequado a respeito de nada, mas também implica no fato de que eles não tem o menor entendimento da importância de se fazer uma pós-graduação. Quem é da área, ou quem fez qualquer tipo de curso universitário, sabe que a graduação nos dias de hoje, especialmente no Brasil, é um curso aonde o aluno aprende o conhecimento BÁSICO para exercer a sua profissão. É na pós-graduação que se adquire conhecimento aprofundado, específico. Na pós-graduação, o aluno aprende quase que 10 vezes mais o que aprendeu na graduação, não só por estar mais maduro, mas também por dedicar-se exclusivamente a um tema específico junto a especialistas. Assim sendo, é de se esperar que provavelmente sejam as pessoas que tem uma pós-graduação sólida na área tenham capacidade de fazer uma análise profunda sobre qualquer tipo de problema.
Além dessa questão do conhecimento técnico, existe uma questão que é pouco discutida e compreendida até no próprio meio acadêmico. A meu ver, um dos conhecimentos mais importantes que o aluno aprende na pós-graduação é a prática e a capacidade de resolver problemas. Os alunos passam cerca de quatro anos de suas vidas resolvendo todo e qualquer tipo de problema. Um doutor é por natureza um solucionador, um resolvedor. Todos os países do mundo sabem disso, e valorizam enormemente os seus doutores. As grandes empresas empregam preferencialmente doutores, não só porque eles sabem ler escrever melhor, mas porque eles estão qualificados para responder aos problemas de natureza teórica e prática do dia-a-dia. Isso acontece até no Brasil, aonde os dados do próprio governo mostram que pessoas com mestrado e doutorado têm um aumento considerável na sua renda média, de até 10 vezes dependendo da área do conhecimento.
A falta de capacitação de nossos dirigentes e legisladores fica ainda mais aberrante se pensamos na questão da idade. Que tipo de conhecimento técnico essas pessoas têm, mesmo os que fizeram graduação, sabendo que fizeram graduação a 20, 30, ou 40 anos atrais? Que curso de atualização ou especialização essas pessoas realizaram? O que podemos concluir é que o único conhecimento que essas pessoas carregam é o da prática política, que é um conhecimento voltado para aquisição e manutenção de poder. Não é à toa que o governo brasileiro, em todas as suas esferas, nunca conseguiu resolver nenhum problema significativo da população. Nós não temos resolvedores de problemas no governo, e agora esse mesmo governo quer exterminar a única fonte desse recurso humano imprescindível para o futuro do país.
Outra discussão que deve ser realizada é de cunho ideológico e econômico, pois tem haver com a elitização e o financiamento da pós graduação. A quase totalidade dos alunos que fazem pós-graduação Brasil recebe bolsa de estudo, enquanto que em outros países desenvolvidos os alunos pagam para fazer seus cursos de mestrado e doutorado. Muitas vezes os valores são altíssimos, especialmente em universidades renomadas e de ponta. O fato é que, em países desenvolvidos, a proporção de doutores na população é 10 vezes maior do que no Brasil, e a competitividade para ter um emprego de primeiro nível é muito maior. Assim sendo, as pessoas se sentem forçadas a investir mais na sua educação. Parece que os nossos gestores não conhecem a lei da oferta e da procura, uma das questões mais básicas dos cursos de economia.
Traduzindo em outros termos, quantos alunos brasileiros e suas famílias estariam dispostos a pagar 40 ou R$50.000 por ano para que seus filhos tenho o título de doutor? A experiência cotidiana me diz que esse número deve ser próximo de zero. O mais comum é os pais questionarem os filhos sobre o fato deles não estarem trabalhando, e recebendo um salário, em vez de estar estudando. Também é importante considerar o perfil sócio-econômico da população brasileira. Qual seria a porcentagem de pessoas que teria renda suficiente para fazer esse tipo de investimento ao longo de seis ou oito anos? Se mundialmente já existe um debate a respeito da elitização da ciência, essa política do governo criará praticamente uma política de castas, aonde para a classe média será impossível ter um filho mestre ou doutor. Mas eu não acredito que o nosso governo está fazendo isso por populismo. Está fazendo é por ignorância mesmo. Está na hora de fazer um teste de QI nos nossos parlamentares e no Executivo. Mas muitos provavelmente não teriam coragem.
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