A Bioquímica do oprimido. Parte 8 - Interlúdio e crise
Em função do preenchimento do coleta CAPES do programa de Pós-graduação que coordeno (Pós-graduação em vigilância e controle de vetores), fui obrigado a me ausentar da aula seguinte, cujo tema foi estrutura e sequênciamento de ácidos nucleicos. Mas sem dúvida o preenchimento do coleta CAPES é tema de outra postagem, em outro contexto...
As atividades foram conduzidos pela outra coordenadora da disciplina, a professora Caroline Moraes. Ela conduziu a escolha dos verbetes e o trabalho em sala. Contudo, nesse momento os alunos levantaram uma série de questionamentos relevantes a respeito da dinâmica da disciplina. A professora Moraes fez-me um relato do problema logo após a aula.
A grande reclamação dos alunos era de que as atividades da disciplina estavam muito repetitivas, e que por isso eles não se sentiam mais motivados a fazer os verbetes em sala. Além disso, havia muita insegurança a respeito da aquisição de conteúdo. Dessa forma, pediram e sugeriram que fossem propostas novas atividades, como explicações, aulas formais ou realização de exercícios.
Após o relato da professora Moraes, tivemos uma longa discussão a respeito das possíveis causas do problema e propostas para resolvê-los ou atenuá-los. Um conceito importante que discutimos é a questão da autonomia. Alunos condicionados a um sistema educacional tradicional podem sentir-se inseguros ou enganados frente a uma proposta mais aberta, menos dependente da transferência de conhecimentos do professor para os discentes/ouvintes ("Educação bancária", segundo Paulo Freire). Na minha opinião, isso se refletiu um pouco na escolha de verbetes canônicos em cada uma das aulas. Os alunos talvez tenham se sentido na obrigação de escolher verbetes que resumissem todos os conceitos principais de cada capítulo, dessa forma transformando a atividade na confecção de um resumo do texto em sala.
Acredito que outra causa da desmotivação dos alunos é a dificuldade em perceber o impacto social da sua produção bibliográfica. Não é possível, apenas com o preenchimento e a visitação a Wikipédia, saber quantas pessoas estariam utilizando o conhecimento decodificado por eles no site.
Outro fator de questionamento é o hábito que os alunos tem em receber aulas teóricas, mesmo que estas estejam em consonância com atividades em sala. Desde o principio eu deixei clara a minha intenção ou estratégia de não dar aulas teóricas. Os alunos, dessa forma, poderiam estar tendo uma ¨crise de abstinência¨ do ensino tradicional.
Seja qual for a razão, o que fica claro no debate é que a estratégia leitura + verbete mostrou uma fadiga considerável após sete aulas. Dessa maneira, a professora Moraes e eu discutimos alternativas. A primeira seria a inclusão de pequenas explicações sobre pontos em dúvida, com demonstrações se necessário.
Outra ideia seria mudar um pouco a dinâmica de escolha dos verbetes, para que os alunos não caíssem na armadilha das escolhas canônicas. Assim, a professora Moraes e eu escolheríamos verbetes aleatórios, que seriam sorteados em sala.
Outra proposta que surgiu é a de que os alunos fariam pequenas explanações, com tempo contado, a respeito da suas escolhas. Algo entre dois a cinco minutos. Dessa maneira eles teriam que preparar uma pequena apresentação sobre o tema, o que poderia estimular o seu interesse e ajudá-los na organização do pensamento.
Uma última sugestão de atividade foi a construção de mapas mentais em sala pelos alunos. Seria dada cerca de meia hora para a atividade e o resultado seria depois apresentado em sala. Dessa forma teríamos uma atividade presencial mais dinâmica, e os verbetes seriam feitos em casa.
De qualquer maneira essa discussão se deu a posteriori, e as atividades do dia seguiram o mesmo roteiro das outras aulas. Os verbetes escolhidos pelos alunos foram:
Polipeptídeos sintéticos - 1 voto
Sequenciamento - 1 voto
Pirosequenciamento - 1 voto
Sequenciamento de nova geração - 1 voto
Após uma rodada de discussões todos decidiram revisar e complementar o verbete de Sequenciamento de DNA, obtendo-se o resultado abaixo.
Sequenciamento de DNA
Em breve continuaremos a atualização dos relatos da disciplina. Um grande abraço a todos e até a próxima!
As atividades foram conduzidos pela outra coordenadora da disciplina, a professora Caroline Moraes. Ela conduziu a escolha dos verbetes e o trabalho em sala. Contudo, nesse momento os alunos levantaram uma série de questionamentos relevantes a respeito da dinâmica da disciplina. A professora Moraes fez-me um relato do problema logo após a aula.
A grande reclamação dos alunos era de que as atividades da disciplina estavam muito repetitivas, e que por isso eles não se sentiam mais motivados a fazer os verbetes em sala. Além disso, havia muita insegurança a respeito da aquisição de conteúdo. Dessa forma, pediram e sugeriram que fossem propostas novas atividades, como explicações, aulas formais ou realização de exercícios.
Após o relato da professora Moraes, tivemos uma longa discussão a respeito das possíveis causas do problema e propostas para resolvê-los ou atenuá-los. Um conceito importante que discutimos é a questão da autonomia. Alunos condicionados a um sistema educacional tradicional podem sentir-se inseguros ou enganados frente a uma proposta mais aberta, menos dependente da transferência de conhecimentos do professor para os discentes/ouvintes ("Educação bancária", segundo Paulo Freire). Na minha opinião, isso se refletiu um pouco na escolha de verbetes canônicos em cada uma das aulas. Os alunos talvez tenham se sentido na obrigação de escolher verbetes que resumissem todos os conceitos principais de cada capítulo, dessa forma transformando a atividade na confecção de um resumo do texto em sala.
Acredito que outra causa da desmotivação dos alunos é a dificuldade em perceber o impacto social da sua produção bibliográfica. Não é possível, apenas com o preenchimento e a visitação a Wikipédia, saber quantas pessoas estariam utilizando o conhecimento decodificado por eles no site.
Outro fator de questionamento é o hábito que os alunos tem em receber aulas teóricas, mesmo que estas estejam em consonância com atividades em sala. Desde o principio eu deixei clara a minha intenção ou estratégia de não dar aulas teóricas. Os alunos, dessa forma, poderiam estar tendo uma ¨crise de abstinência¨ do ensino tradicional.
Seja qual for a razão, o que fica claro no debate é que a estratégia leitura + verbete mostrou uma fadiga considerável após sete aulas. Dessa maneira, a professora Moraes e eu discutimos alternativas. A primeira seria a inclusão de pequenas explicações sobre pontos em dúvida, com demonstrações se necessário.
Outra ideia seria mudar um pouco a dinâmica de escolha dos verbetes, para que os alunos não caíssem na armadilha das escolhas canônicas. Assim, a professora Moraes e eu escolheríamos verbetes aleatórios, que seriam sorteados em sala.
Outra proposta que surgiu é a de que os alunos fariam pequenas explanações, com tempo contado, a respeito da suas escolhas. Algo entre dois a cinco minutos. Dessa maneira eles teriam que preparar uma pequena apresentação sobre o tema, o que poderia estimular o seu interesse e ajudá-los na organização do pensamento.
Uma última sugestão de atividade foi a construção de mapas mentais em sala pelos alunos. Seria dada cerca de meia hora para a atividade e o resultado seria depois apresentado em sala. Dessa forma teríamos uma atividade presencial mais dinâmica, e os verbetes seriam feitos em casa.
De qualquer maneira essa discussão se deu a posteriori, e as atividades do dia seguiram o mesmo roteiro das outras aulas. Os verbetes escolhidos pelos alunos foram:
Polipeptídeos sintéticos - 1 voto
Sequenciamento - 1 voto
Pirosequenciamento - 1 voto
Sequenciamento de nova geração - 1 voto
Após uma rodada de discussões todos decidiram revisar e complementar o verbete de Sequenciamento de DNA, obtendo-se o resultado abaixo.
Sequenciamento de DNA
Em breve continuaremos a atualização dos relatos da disciplina. Um grande abraço a todos e até a próxima!
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