A Ciência Mística - Provocação Otimista


Todo cientista é, no fundo, um místico. Na verdade, todo ser humano tem um lado místico, mas a evolução da sociedade ocidental moderna, com seu conhecimento específico, técnico e particularizado, aparentemente afastou essas duas vertentes da alma humana, a racionalidade e o espiritualismo. Contudo, uma visão detalhada do fazer científico mostra como o sentimento de que ciência e espiritualidade são coisas diametralmente opostas é contraditório.

Há duas razões básicas para se fazer ciência. Uma delas é conhecer o Universo, enfrentar o desconhecido. Compreender a realidade ao nosso redor não deixa de ser uma forma de comunhão com o Cosmos. É uma pena que isso seja confundido às vezes com um sentimento de posse, quando muitas vezes o conhecimento apenas mostra como somos insignificantes, pequenos, passageiros...e como o Universo é maravilhoso. Não há como não sentir gratidão ao perceber-se parte de uma realidade tão bonita, misteriosa, intrigante. As sensações de curiosidade, medo frente ao que não sabemos, júbilo diante do belo são inerentes ao ser humano, e fazem parte do rito do saber, independentemente de como a sociedade e a história a direcionaram para mitos, crenças ou fantasias.

A outra razão é fazer o bem. Resolver problemas da sociedade, encontrar soluções para situações críticas, antever crises, ajudar o próximo (ou não tão próximo) que pode estar enfermo, faminto ou aflito. Às vezes trata-se apenas do impulso de procurar e propor o novo, o que não deixa de ser uma maneira de evitar que o ser humano caia no marasmo e inação mental, desânimo e desgosto com a vida e o mundo. Por mais tortuosos que sejam às vezes os caminhos, e por mais que muitas vezes as boas intenções tenham se transformado em males horríveis, é inegável que a ciência moderna é responsável por grande parte do bem estar e felicidade que sentimos no dia a dia.

É claro que as afirmações acima são simplificações. O nosso tempo é extremamente complexo e o fazer científico não poderia fugir a essa regra. Mas eu gosto de acreditar que no íntimo de cada pessoa que resolve seguir o caminho da pesquisa existem essas duas fagulhas, em maior ou menor intensidade. E acho que o ser humano se apequena ao criar debates raivosos entre facetas tão ricas, a mística e a racional. Se as duas caminhassem lado a lado, certamente convergiriam em um sinergismo fantástico rumo à felicidade e realização. O cientista e o místico são e sempre serão seres repletos de esperança.


 

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