A criação do Mestrado Profissional em Vetores de Doenças do Instituto Oswaldo Cruz


Minha experiência na coordenação de cursos começou pra valer com o Curso de Biologia de Artrópodes Vetores, uma iniciativa do Instituto Nacional de Entomologia Molecular que permanece até hoje e que já está na Sétima edição. Acompanhei de perto cinco edições do curso, e foi uma experiência única, que me permitiu conhecer melhor a dinâmica do recrutamento de professores, alunos, estruturação e financiamento desse tipo de inciativa. Sou eternamente agradecido às todas as pessoas que me ajudaram, me receberam e me ensinaram tanto nessa caminhada, especialmente aos professores do NUPEM (UFRJ-Macaé) e aos coordenadores do INCT (Profs. Pedro Lagerblad Oliveira da UFRJ e Itabajara da Silva Vaz Jr., da UFRGS).

No final de 2015, fomos convocados a uma reunião em Lisboa, organizada pela OMS. Tratou-se de um Workshop sobre cursos em vetores, e gentilmente os Profs. Rodrigo Nunes da Fonseca (UFRJ-Macaé) e Pedro Oliveira me deram a oportunidade de apresentar o nosso trabalho de Macaé. As discussões em Lisboa foram riquíssima e, apesar de termos apenas dois dias de trabalho, decidiu-se propor às agências internacionais de fomento a criação de uma plataforma mundial de cursos em vetores, aonde os alunos do mundo todo tivessem acesso a informação atualizada e pudessem fazer contato com os coordenadores locais.

Como uma das demandas dessa iniciativa era ter uma opção de hospedagem do site no servidor, ao voltar para o Brasil contatei a diretoria do IOC (Dr. Wilson Savino) e expliquei a situação. A recepção foi excelente, fui colocado em contato também com a Vice-presidência de Ensino (Dr. Milton Moraes), que também se mostrou muito receptivo. Repassei essa informação aos coordenadores e colegas do workshop, mas infelizmente até o momento essa iniciativa não foi além da idealização.

Alguns meses após esses eventos, fui chamado para uma conversa com a Vice-diretora de Ensino do IOC, Dra. Elisa Cupolillo, que me explicou que a idéia de ter um Mestrado Profissional em Vetores no IOC era antiga, e que como eu estava engajado na coordenação de cursos em Vetores talvez eu pudesse estar interessado em coordenar a proposta de criação de um curso dessa natureza junto à CAPES. O problema era o prazo para apresentação da proposta, de cerca de um mês. Aceitei me sentido muito honrado, mas confesso que naquele momento não tinha idéia da complexidade do problema. De qualquer maneira disse que, se não conseguíssemos submeter naquele ano, ficaria para o próximo...

Em um mês conseguimos aprovação da iniciativa no CD-IOC, contactamos os laboratórios do IOC e os grupos do INCT, e consegui estruturar uma proposta na plataforma Sucupira. Tive tempo de ter pouquíssimas conversas, e nesse estágio algumas pessoas foram fundamentais, como a Dra. Elisa e os Drs. Denise Valle, Maria Goreti Rosa Freitas, Cléber Galvão, Angela Junqueira do IOC, e o Prof. Guilherme Werneck da UERJ. Tive apoio de todas as pessoas que procurei e algumas foram especialmente gentis, como os Drs. José Rodrigues Coura e José Jurberg do IOC. Passei algumas noites em claro preenchendo o formulário eletrônico, escrevendo o texto da proposta, e quando submeti (acho que no último dia, por que eram necessários alguns documentos da Vice-Presidência de Ensino) senti um alívio imenso. Na pior das hipóteses, era verdade, havia aprendido bastante e conseguido reunir muitas pessoas em torno do projeto, o que sempre seria positivo.


Alguns meses depois, recebemos um pedido de revisão do texto da proposta pela CAPES, pois eu havia cometido um erro no nome do programa no Regimento. Depois disso, recebemos a aprovação, com excelente em todos os quesitos e nota 3, o que é singular para um curso de Mestrado Profissional recém criado. Na minha leitura, a excelência do quadro de docentes e a adequação do programa a uma demanda específica do Ministério da Saúde – treinamento de profissionais para atuar no controle de vetores de doenças como mosquitos, moscas, barbeiros, carrapatos, caramujos – foram pontos fundamentais para o reconhecimento da proposta. Os desafios à frente são enormes, mas estamos todos com muito otimismo. Será que ao longo dos anos vamos conseguir melhorar o quadro de manejo de endemias como Dengue, Chagas, Leishmaniose, Esquistossomose? A esperança é, como sempre será, grande...


P.S: Peço desculpas se me esqueci de algum nome. Aconteceu tudo muito rápido e muitas pessoas estiveram envolvidas. Mas uma das vantagens da edição digital é que sempre dá para revisar, certo?

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