Respondendo perguntas sem resposta

Sempre que um aluno vai participar pela primeira vez de uma arguição, eu passo para ele um roteiro para responder perguntas impossíveis. Elas fazem parte da nossa rotina, por duas razões: (1) As perguntas científicas mais interessantes são justamente aquelas que não foram respondidas por ninguém - e nesse caso não só você, mas ninguém, tem a resposta da pergunta; (2) O avaliador está apenas testando sua capacidade de dar uma resposta articulada sobre um assunto difícil. Ou seja, é muito importante ter uma estratégia para não entrar em pânico nessas situações. A que eu uso funciona mais ou menos assim, en três etapas: (1) Elogie a pergunta. Algo do tipo "Sua pergunta é muito interessante¨, ou ¨Esse é um ponto relevante¨. Isso faz bem para o ego do avaliador e você ganha tempo para pensar. Além disso, muitas vezes o avaliador levanta um ponto no qual não pensamos ainda. Nesse caso é de bom tom agradecer a pergunta, dizendo algo como ¨Obrigado por levantar isso, esse é um lado da questão sobre o qual ainda não havia pensado¨. (2) Explique com cuidado que não tem como responder essa pergunta imediatamente. Algo como ¨No momento não tenho elementos para responder essa pergunta¨, ou, no caso de perguntas realmente sem reposta, ¨Essa é uma questão em aberto no nosso campo de investigação, ou de trabalho¨. (3) Diga que vai se esforçar para responder isso no futuro, através de estudo ou de mais trabalho em cima da questão. Algo como ¨Para responder essa questão são necessárias mais investigações¨, ou ¨No futuro pretendo revisar a literatura a respeito mais profundamente para procurar a resposta¨. Isso resolve a maioria das situações desse tipo. E, na verdade, não deixa de ser um exercício de auto-avaliação e reflexão. Receber apenas perguntas que tem respostas simples acaba ficando monótono!

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